AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS ALUNOS DOS CURSOS PRESENCIAIS DE LICENCIATURA DA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA SOBRE O TRABALHO DOCENTE
Keywords:
Representação Social, Trabalho Docente, Precarização, DeclínioAbstract
Este trabalho tem como objetivo geral analisar as representações sociais dos estudantes dos cursos presenciais de licenciatura da UnB sobre o trabalho docente e tem como objetivos específicos: Identificar as representações sociais dos estudantes sobre o trabalho docente; verificar se os estudantes das licenciaturas pretendem exercer a docência quando da conclusão de seus cursos; analisar as possíveis variações de representações de trabalho docente entre estudantes de ciências humanas e ciências exatas e analisar a representação do trabalho docente na perspectiva da realidade objetiva dos licenciandos da UnB. Para alcançar tais objetivos recorremos às hipóteses teóricas de Moscovici (1961; 1971) e Jodelet (2005) as quais apresentam mesma matriz teórica, que compreendem a representação social de uma modalidade de conhecimento gerada, primeiramente, da experiência cotidiana dos sujeitos, do senso comum, da relação deles com o mundo. A partir dessas referências o sujeito age, orienta sua ação, interpreta e age sobre a realidade. As representações sociais emergem não apenas como uma forma de compreensão de um objeto particular, mas, ao mesmo tempo, também como uma configuração em que o sujeito ou o grupo alcançam a capacidade de definição de identidade, consideradas como modelo de representações, e com elas proclamam valor simbólico. O estudo empírico foi dividido em 4 partes: Na primeira, apresenta-se o perfil dos licenciandos; na segunda, as Representação e identidade profissional; na terceira Etapa: Percepção sobre o Trabalho Docente e na quarta, as representações sociais dos licenciandos sobre o trabalho docente. Os dados foram coletados por meio do teste de evocação livre de palavras, questionários e entrevistas. Com o uso do software EVOC foi possível a elaboração do núcleo central e periféricos das representações sociais, a partir da concepção de Abric (1994;1998). Realizouse a análise dos dados a partir dos pressupostos da teoria das representações sociais com base principalmente, em Moscovici, Jodelet e Abric, e com alguns elementos do materialismo dialético, demandados e requeridos pelo objeto da pesquisa. Os dados revelam que as representações sociais dos estudantes revelam indicativos da identidade (ou não) com o curso. Encontra-se algo consenso entre o grupo de que o curso de licenciatura forma profissionais para o trabalho docente. No entanto, há contradições que demonstram a construção cognitiva dos sujeitos que revelam que representam o trabalho docente, manifestando divergência que marcam o entendimento do sujeito que é professor; outros com o trabalho e outros que juntam o sujeito e a profissão. Acredita-se existir uma crise de identidade ambivalente, que se revela na experiência de apresentar pensamentos e emoções simultaneamente positivas e negativas em relação ao curso e à profissão. Quanto à percepção dos estudantes sobre o trabalho docente, os licenciandos, embora admitam a importância do trabalho docente, os dados revelam as contradições internas entre o grupo. As representações sociais comunicadas e compartilhadas pelos licenciandos é de um trabalho aonde os salários são baixos salários; há intensificação do trabalho, mal remunerado, pelo que se faz e o tempo gasto para realizá-lo; excesso de trabalho (preparação e execução); baixo status social; condições precárias de trabalho; precariedade da profissão e das condições materiais de subsistência; redução do poder aquisitivo e de consumo de bens e serviços; falta de perspectiva da (na) carreira e desvalorização profissional; profissão sofrida, estressante, desgastante, não valorizada, que pode ocasionar problemas de saúde psíquica e emocional e que leva ao afastamento do docente ao abandono da profissão. Diante dos dados é possível perceber que as representações aqui objetivadas e ancoradas pelos licenciandos, configuram o trabalho docente como algo tanto não atrativo, como desejável, não recompensa profissionalmente e não é promissor. Diante dessa totalidade reveladora de representações tão depreciativas é compreensível a taxa de declínio dos cursos de licenciatura na UnB.